Eleições 2018 em Ponto Novo: o que há de novo?

Por Josimar Ferreira
As eleições 2018 abriram novos cenários políticos em Ponto Novo, e trouxeram à tona alguns aspectos importantes, não observados em anos anteriores. O professor Josimar Ferreira, bacharel em contabilidade e pós-graduando em Gestão Pública Municipal, elaborou uma análise sobre o que foi possível destacar após a apuração dos votos nesse primeiro turno, e também comparar em relação às Eleições em 2014. Vamos a ela:
Cenário 2014
Em 2014 foram 6.409 votos válidos distribuídos para 115 candidatos a deputados estaduais no município, sendo que os mais votados foram Eduardo Salles com 1.624 votos (21,79%), Augusto Castro com 1.360 (18,25%) e Luciano Simões com 676 votos (9,07%). Para deputado federal, os votos válidos totalizaram 6.653, repartidos entre 97 candidatos. os mais votados foram: Félix Júnior: 1.618 votos (22,03%), Mário Negromonte Júnior: 1.449 votos (19,73%), Elmar Nascimento: 892 votos (12,14%) e Aleluia: 768 votos (10,46%).
Cenário 2018
Em 2018, 7.900 votos válidos foram distribuídos entre 135 candidatos a deputados estaduais, aumento de 17,4%, enquanto que o número de votos válidos cresceu 23,3%. Após o resultado, os mais votados foram os seguintes: Vítor Bonfim: 1.839 votos (23,28%), Diego Coronel: 1.736 votos (21,97%), Eduardo Salles: 1.191 votos (15,08%) e Luciano Simões: 386 votos (4,89%). Os votos válidos para deputado federal totalizaram 7.628, 14,6% a mais que em 2014. A fragmentação também aumentou, já que 125 deputados federais obtiveram votos no município, ou seja, 28,9% em relação às eleições de 2014. Os primeiros colocados foram: Aleluia: 1.773 votos (23,24%), Otto Alencar Filho: 1.690 votos (22,16%), Mário Negromonte Júnior: 938 votos (12,30%) e Jamilton Fernandes: 772 votos (10,12%).
O que se pode concluir desses resultados?
>> Eduardo Salles perdeu força, já que obteve 433 votos a menos que em 2014. Uma queda de 26,7%;
>> Luciano Simões também decresceu, e sua votação foi 57,10% menor;
>> Bobô cresceu 68,75%, ou 154 votos;
>> Mário Negromonte Júnior oscilou e perdeu 511 votos. Uma queda de 35,3%;
>> Aleluia foi o que mais cresceu! subiu 130,8%, e obteve 1.005 votos a mais que em 2014. Apesar do crescimento local, não conseguiu se reeleger deputado federal;
>> Apoiados pela primeira vez no município, os deputados Diego Coronel e Otto Alencar Filho figuram em segundo lugar em suas categorias, desbancando Eduardo Salles e Mário Negromonte, respectivamente, que antes ostentavam melhor posição;
>> O candidato a deputado Federal Jamilton Fernandes conseguiu o que não conseguira como candidato a vereador. Na disputa em 2016 obteve 191 votos (2%), aumento de 304,2%;
>> Os 2.370 votos restantes (30%) foram distribuídos para outros 130 candidatos a deputados estaduais, mostrando uma dispersão altíssima, o que pode representar descrédito de parte da população nas maiores lideranças do município ou nos nomes apoiados por eles. No âmbito da disputa pelos cargos de deputados federais, os votos dados aos outros 121 candidatos somaram 2.455, ou 32,18% dos votos válidos.
>> Os votos nulos e brancos para deputado estadual somaram 988, enquanto que para deputado federal os votos inválidos alcançaram a marca de 1.260. Números expressivos, e alertam para o poder de alcance e convencimento das estratégias dos cabos eleitorais e dos projetos de governo de cada candidato. Talvez seja necessário repensá-los.
>> A abstenção alcançou 32,58% do eleitorado, ou seja, 4.296 pessoas não fizeram questão de comparecer para votar.
>> O número de votos nulos e brancos, somado às abstenções não permitem qualquer tipo de inferência quanto ao crescimento do prestígio de qualquer nome em Ponto Novo, muito menos de apoiadores, até porque, o que se nota é uma certa insatisfação ou mesmo um sentimento de descompromisso de quase metade do eleitorado. Uns vieram votar, mas não escolheram candidatos, e outra grande parte sequer compareceu.
Foi possível detectar um dos fatores determinantes, e que justificam a fragmentação dos votos em Ponto Novo, fato que ocorre desde 2014. Trata-se dos esquecidos evangélicos. Pelo que foi apurado, 7 candidatos a deputados estaduais e 7 candidatos a deputados federais ligados ao grupo receberam votos no município, sendo que quase a metade (três de cada) se elegeu. Isso sem que houvesse na cidade campanha dos postulantes. O número pode ser ainda maior, uma vez que só foi possível identificar os que usam o título de pastor ou irmão, ou aqueles já conhecidos. Assim como no cenário nacional, os evangélicos representam uma parcela significativa do eleitorado pontonovense, suficiente para mudar o resultado de uma eleição.
Não é possível deduzir que a posição dos candidatos votados em 2018 represente a aceitação ao seu apoiador numa eventual candidatura daqui a dois anos, no entanto, é possível perceber que compra de votos ou ações equivalentes (quando não denunciadas) podem interferir no resultado das urnas, da mesma forma que a displicência e o sentimento de “já ganhou”.
Vamos ver o que cada candidato e seus cabos eleitorais serão capazes de fazer em 2020 para conseguirem o poder!

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